“Esta á da Lei da Torá...” (Bamidbar
19:2)
Esta é a Lei da Torá. Assim
começa a parashá desta semana onde podemos encontrar três tipos de preceitos na
Torá: Torot, Chukim e Mishpatim (ditames, leis e juízos) e as leis especificam-se
para além da compreensão humana e por isso apenas devemos aceitá-las como
imposições divinas, impossíveis de entender a sua lógica. Assim se expressou o Rei Shelomo que
foi assinalado como o sábio de todas as épocas e disse a respeito do preceito
da vaca vermelha: “Disse-me, questionarei sobre ela e ela encontra-se longe de
mim”. O Rei Shlomo quis expressar
o seu descontentamento pois não conseguiu entender absolutamente este preceito. Devemos esclarecer que o Rei Shelomo
não disse que não se pode entender, senão que não o conseguiu entender.
Então, se que os preceitos se dividem em três tipos. Porque é que a parashá inclui todos
dentro da mesma categoria Chuká?
Teria que ter especificado “esta lei da vaca vermelha, não de toda a
Torá, ao que nos comentam os nossos Sábios: na verdade toda a Torá está acima
do nosso entendimento e mesmo os preceitos que nos parecem lógicos ou que os
nossos Sábios explicaram as suas razões, devemos também considerá-los como
ditames divinos, longe da nossa capacidade intelectual.
A parashá relata-nos também a morte de Miriam e Aarón, irmãos de Moshé ;
depois da morte de Miriam
comenta-nos a Torá que faltou de repente a água ao Povo de Israel, pelo que
criticaram Moshé pela falta desse conhecimento, adulindo que tivesse sido
preferível morrer no Egipto.
Durante quarenta anos no deserto houve água para dois milhões de bocas,
tudo pelo mérito de uma só pessoa, Miriam e único relato que a Torá nos comenta
sobre ela, foi que quando forçados pelo ditame do Faraó, Amram, pai de Moshé,
pôs o seu filho, recém nascido numa canasta e colocou-o no rio. Então Miriam deteve-se a observar o que
acontecia ao seu irmão, um simples acontecimento, tão humano, que foi tão
importante para merecer um grande pagamento: água para dois milhões de pessoas
durante quarenta anos no deserto!
Os livros de história estão repletos de grandes homens que realizaram
façanhas m prol da humanidade e mudaram a sua trajectória mas nunca
encontraremos o relato de alguém que fez um pequeno acto de bondade, como foi o
de preocupar-se alguns minutos com um recém nascido. Em troca a Torá valoriza esse acto, que aos lhos humanos
podia passar despercebido mas quem sabe valorizar reconhece que esse acto pode
ser muito mais profundo que muitas revoluções.
A nossa parashá relata-nos a morte de Aarón Hacohén, irmão de Moshé e
Miriam ao que comenta a Torá: ”E Aarón chorou trinta dias todo o Povo de Israel
ao que perguntaram os nossos Sábios a razão da morte de Moshé e está escrito:
“E choraram os Filhos de Israel...” e em troca, sobre Aarón está escrito”todo o
Povo de Israel”? A isto
responderam : Aarón na sua condição de amante da paz e harmonia entre as
pessoas, mereceu o carinho de topo o povo. Um sorriso, uma boa palavra, um apoio a tempo, um bom
conselho, não podemos imaginar o valor dos actos tão simples, que erradamente
consideramos sem valor. Uma
pequena preocupação valeu a salvação do povo de Israel durante quarenta anos no
deserto, o desejo de fazer amizade e a paz entre as pessoas fez com que Aarón merecesse
o carinho de todo o povo.