“E chamou a Moshé...” (Vaykrá 1:1)
“Vaykrá el Moshé...”, “E
chamou a Moshé...”, com estas palavras começa o terceiro livro da Torá, quando
por tradição a letra alef de vayikrá aparece diminuída para indicar-nos com que
intenção o Todopoderoso se dirigia a Moshé, “Vayikrá” (com apreço). Era com apreço que o Todopoderoso se
dirigia a Moshé. Mas porque é que,
justamente nesta parashá a Torá nos recorda esta condição? Devemos encontrar a resposta no próprio
tema que relata a parashá: “os sacrifícios”. O que é que significam os sacrifícios que Caim e Abel,
filhos do primeiro homem, sentiram a necessidade de sacrificar e entregar ao
Todopoderoso?
Nas parashiot da construção do Tabernáculo, como dos seus instrumentos e
vestimentas, assim como na dos sacrifícios, a Torá estende-se em detalhes e por
vezes repete uma e outra vez, quando determinados preceitos como os referentes
ao Shabat, Tefilin ou Mezuzá, aprendêmo-las de indicações indirectas. Se recordarmos que o Tabernáculo foi
ordenado apenas para os quarenta anos passados no desertos e que uma vez
conquistada a Terra de Israel deveria ser construído o Beit Hamikdash, então
ressalta a pergunta do porquê!
Sobre a construção do Tabernáculo está escrito: “Façam-me uma Casa e Habitarei
neles: o Tabernáculo, os sacrifícios aproximam-nos do Todopoderoso, pois da
mesma maneira que um imân atrai outro, em certas condições, a condição de
oferecer, de dar, atair em certas condições a Fonte da bondade.
Advertiram-nos os nossos Sábios, que
nada de mal sairá da caridade até que foi denominada com o nome de Shalom: ” e
será o facto da caridade Shalom”.
Os preceitos são os meios que nos aproximam a Ele, uma mitzvá (preceito)
atrai outra mitzvá, e esta à seguinte, até que se cumpre o dito de Rabi
Chanania Ben Akashia:”O Todopoderoso quis dar mérito ao Povo de Israel,
portanto, aumentou a Torá e os preceitos, como está escrito: Ele procura
dar-lhes mérito, então aumentou a Torá e engrandeceu-a”. Os preceitos foram um presente Divino
para nosso bem, enquanto que o Tabernáculo com o seu serviço é uma realidade da
convivência Divina com o ser humano.
Desde a destruição do Templo e perante a impossibilidade de realizar os
sacrifícios, ficou-nos neste mundo apenas a Beit Haknesset e as Tefilot. O Talmud no tratado de Berachot diz:
“Ao Todopoderoso apenas ficou neste mundo o lugar onde se estuda a Halachá
(Torá)”. A sinagoga e o Beit
Hamidrash são os espaços onde se encontra a Divindade. Que sensação de
importância e de respeito devemos a estes lugares, com que temor devemos entrar
neles e com que sensação devemos sair!
Por desgraça o costume destrói toda a condição e o quanto a pessoa deve
recordar dia após dia o lugar onde se encontra.
Seja a vontade Divina que estes dias de Nissan que se avizinham, convertam
todas as nossas preocupações em alegrias e todas as nossas suspeitas em boas
notícias, como está escrito: “Em Nissan foram salvos, em Nissan serão salvos”.