A Torá desde Jerusalém
Parashá Vayerá

“Avraham, Avraham” (Génesis 22:11).

Disse a Mishná em Pirkei Avot (perek 5, mishná 9): “Todo aquele que possua as seguintes qualidades é discípulo de Avraham e quele que possua os defeitos opostos, é discípulo de Bilham”. O aluno de Avraham Avinu vê as coisas com bons olhos, com humildade e simplicidade, tal como comenta o Rebí Ovadia de Bartenura: Com “bons olhos” não se enveja a propriedade alheia, pois assim disse Avraham depois de ter libertado o Rei de Sodoma; Nem tampouco um fio nem um cordâo tomarei de tudo o que é teu. Foi com Humildade que Avraham Avinu se expressou ao dirigir-se por segunda vez ao anjo de Hashem para evitar a destruição de Sodoma: “...E sou pó e sinza”. A Simpplicidade traduz-se na prudência e abstinência dos desejos, esta qualidade encontramo-la em Avraham, quando disse à sua Mulher: “Agora sei que és minha mulher e de bela aparência. Em troca, a inveja, a soberba e cobiça sçao sentimentos contrários ao legado de Avraham Avinu.

A Torá comenta-nos como Avraham Avinu a três dias do seu Brit Milá, que se realizara num dia de calor e com razões sufientes que justificariam todo o tipo de desculpa, sentia a falta de possibilidades para fazer bondade. Que elevação tão grande!

Depois da destruição de Sodoma e Gomora, a Torá relata-nos a sensação das filhas de Lot que consideraram ser as únicas sobreviventes do universo, pois pensavam que tinham voltado à situação em que se encontrava o primeiro homem Adam Harishon e os seus filhos, onde não existia a proibição de incesto por serem os irmãos os únicos na terra. Da mesma maneira a Torá critica o comportamento repudiável da filha mais velha que o fez com com má fé, dando a conhecer o facto de quando nomeou o seu filho como Moav (de meu pai), ao contrário da sua irmã que o ocultou quando nomeou seu filho Amón (de meu povo). O descaramento e a falta de recato são um dos defeitos mais graves que podem caracterizar um ser humano memso que os factos em si, sejam necessários.

Avraham não representa apenas o patriarca biológico do Povo de Israel, senão muitíssimo mais: é o patriarca espiritual da sua descendência. Avraham simboliza a luta pela verdade, quando desde a sua infância luta contra a idolatria, pois não pode aceitar que as imaagens que o seu pai fabrica sejam a razão criadora. É também o fiel defensor do povo quando depois de que teve conhecimento do ditame da destruição de Sodoma e Gomora, tenta evitá-la ccom a crítica de ser injusta a condenação dos justos por culpados, assim como a entrega sem limites, quando Hashem lhe exige que entregue o mais querido por Avraham, o seu próprio filho e não um qualquer, esse filho que teve aos cem anos de idade e sobre o qual depositou a sua esperança e desejos. Avraham não cumpre o decretado por Hashem, por obrigação, senão que para ele esse decreto é a própria obrigação, tendo podido apresentar desculpas tais como, de que maneira se cumpririam as promessas que o Eterno lhe tinha assegurado com respeito a Itzchak, onde tinha a obrigação de salvaguardar a vida como primordial princípio.

Avraham não é um fanático cego que segue a sua fé sem levantar perguntas! Quando Hashem lhe propmete a terra de Israel, Avraham pergunta: Como saberei que a herdarei? Em relaçãao ao sacrifício de Itzchak, Avraham não questiona, pois sabe que a sua pergunta é interessada, já que ao nível do interesse está a impossibilidade de aceitar a resposta.

Conta-se de um dos nossos rabinos de fins do século XIX, quando o exército do Czar da Rússia costumava ingressar os meninos na academia militar, entre eles se encontravam muitos meninos judeus, os que lógicamente depois de vários afastados do contacto com o judaísmo e de suas famílias, perdiaam todo o conceito de Torá e mitzvot. Um dos meninos após muitos anos, sendo já oficial, encontrou-se com o rabino da sua cidade ao que arrogantemente e de maneira ofensiva gritou-lhe e disse: Rabino se responder à minha pergunta de uma maneira convincente deixarei a minha carreira militar e voltarei aos costumes dos meus antepassados, ao que o rabino respondeu: antes de formulares a tua pergunta, que duvido não ter respostas, quero perguntar-te o seguinte: a dúvida apareceu-te antes ou depois? A isto contestou o jovem, antes ou depois de quê? Antes de transgredires os preceitos da Torá ou depois, respondeu o rabino. Se as dúvidas existemde antes de teres transgredido os preceitos da Torá, não tenho dúvida em encontrar a resposta convincente mas se as dúvidas existem depois de teres transgredido os preceitos da Torá, apenas procuras desculpas para os teus actos e as respostas convicentes a desculpas interessadas não existem.

Avraham não procurava desculpas senão o conhecimento da verdade e é por isso que em relação ao sacraifício de Itzchak, certamente que tinha interesse mas por isso não colocou perguntas.

Shabat Shalom

Rab. Shlomó Wahnón


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