“Vai-te da tua terra, da terra do teu nascimento...”
(Genesis 12:1).
“Vai-te da tua terra, da terra
do teu nascimento, e da casa de teu pai à terra que te mostrarei”. Esta é a
primeira mensagem que Avraham recebe da boca do Criador. Podemos perguntar-nos o motivo da
redundância da terra, do teu nascimento e da casa do teu pai.
Por acaso esta última não inclui as anteriores?
N-ao pareceria desadequado que em plenp século XXI, onde o mundo se
converteu num grande povo ou melhor dito “a globalização”, onde a mudança de
lugar é apenas causa da necessidade.
Mas que importância podem ter as palavras desta parashá?
A Torá realsa: terra, nascimento e casa paterna como os três factores mais
influentes na vida humana: lugar,ambiente e família.
Antes da ordem e da mudança, Lot, o sobrinho de Avraham, que não estava
todavia consciente da influência e da importância da convivência, decide por
necessidades económicas, que como a terra de Canaã não é suficiente para
albergar o gado dos dois, a terra de Sodoma é rica em pastagens e
irrigação. Pelo visto Lot não vê
ou não quer ver os perigos da vizinhança,assim como também vemos que Avraham se
sente obrigado a não ser exacto nas suas palavras e pede a Sara que não diga
toda a verdade quando lhe perguntem sobre o parentesco e diga apenas que é irmã
de Avraham, que ainda que sendo verdade não é toda a verdade. Os nossos Sábios comentam a respeito da
crítica que o rei do Egipto faz a Avraham quando mente, ao que Avraham respondeu
que se viu obrigado a fazê-lo pois viu que os ministros do rei não eram
correctos quando perguntassem sobre Sara e não lhe perguntassem sobre as suas
necessidades de comer ou beber.
Avraham cedo observou que o povo egípcio do seu tempo tinha conceitos errados
de base, pelo que disse a Sara: E quando te vejam os egípcios e digam “és sua
esposa” me matarão... Diz que és
minha irmã.
A vida não tem valor aos seus olhos, o adultério é considerado pior que o
assassinato, quando os conceitos estão errados e a verdade não cabe no erro.
Lot só não sabe valorizar o bem que Avraham simbolizava como também quando
se sente necessitado, escolhe viver num lugar onde o povo que aí vive criou o
conceito de egoísmo, “Midat Sedom”.
Os sedomitas não podiam aceitar o conceito de ajuda e de bondade paro
com o próximo e é por isto que quando os anjos vêm visitar Lot, o povo inteiro
desde o mais jovem ao mais idoso, exigem que lhes dê os hospedes que Lot
recebeu em sua casa.
Como pôde Lot esquecer a bondade e a hospedagem de Avraham? Como pôde viver num povo que tem como
constituição e lei básica a proibição de ajudar ou permitir que alguém disfrute
dos seus bens? Como esqueceu Lot a
lei da vida que aprendeu da casa de Avraham, “Olam Chesed Yibané”? O mundo foi construído com base na
bondade! A resposta é muito
simples: Lot queria fazer carreira, ter êxito! Não se preocupou com a educação
dos seus filhos nem com a sua própria educação. Não perguntou qual era o
significado do mandato Divino: “Vai-te da tua terra...e vai à terra que Te
mostrarei! A globalização, o
grande plesbecíto da economia aberta e as facilidades com que se muda de lugar,
tornarm ainda mais necessária a obrigação de repensar antes de empreender a
mudança e saber sobre a sua obrigação:”... à terra que Te mostrarei”.
Despois da mensagem da convivência, Avraham é obrigado a cumprir o primeiro
preceito para ele e a sua descendência, a Brit Milá: “E o Eterno apareceu a
Avraham, com noventa e nove anos e lhe disse: E tu guardarás o Meu
pacto...circuncidareis todo o varão...
Disseram os nossos Sábios: todo o preceito que foi recebido pelo povo de
Israel com alegria será cumprido com alegria pelas gerações. Esse é o preceito do Brit Milá! É inconcebível como depois de milhares
de anos de história e de mudanças extremas na cultura, o povo judeu na sua
totalidade continua a cumprir com alegria o mais difícil e exigente dos seus
mandamentos.
A nossa história não é uma história de letras ou simples relatos: a nossa
história é uma história de factos.
O povo judeu definiu-se pela sua tenacidade e entrega contra a lógica
“Am keshe Oref” (o povo duro de dobrar), Povo que antes que saiba pronunciar a
sua primeira palavra leva gravado na sua carne o seu compromisso com Hashem
“...E estará o Meu pacto na vossa carne, um pacto para sempre”.