“Cantarei ao Eterno...” (Shemot 15:1)
Os cânticos que o povo de Israel entoou no Mar Vermelho, Shirat Hayam,
converteu-se num dos símbolos
importantes da sua história. O mar
abriu-se na noite de 21 de Nissán, no sétimo dia da saída do povo de Israel do
Egipto. À meia noite o povo
atravessou por entre os muros de água e viu a perseguição dos egípcios e como
estes pereceram diante dos seus próprios olhos.
O império egípcio tinha anteriormente sofrido dez pragas, sendo a última
delas a morte de todo o primogénito do Egipto, atingindo tanto a família do
Faraó como a de um simples escravo
gentio. Em todas as casas houve
morte. Ainda tinha passado uma
semana depois desse acontecimento e o povo egípcio esquecia tudo e lançava-se
em perseguição dos judeus.
Como é que o ser humano pode esquecer um acontecimento tão
rapidamente? Ainda tinham nas suas
mentes as sepulturas. Todavia não
tinham ainda levantado o seu luto!
Envolvia-os uma enorme cegueira!
O egoísmo, a inveja, o ódio a superpotência, características estas que
sendo “tão” humanas fazem com que sejamos tão pequenos, que por vezes nos faz
pensar no “homo sapiens”.
Por vezes pensamos que se vivêssemos em gerações como a que saiu do Egipto,
que presenciaram diariamente revelações Divinas a níveis que nem os profetas
posteriores puderam viver, tal como disse o Talmud: ”E a escrava viu a abertura
do mar o que Ben Buzi (o profeta) não viu”, a nossa crença seria
inabalável. Entretanto, Rab. Moshé
Ben Maimón “Rambam” mostra-nos que todos os milagres que o Todopoderoso
realizou, não foi para aumentar a nossa fé senão por necessidade, já que toda a
pessoa que acredita em Hashem pelos seus milagres, a sua crença é falsa.
Os milagres têm um efeito emocional temporal dado que a sua duração depende
do tempo, enquanto que a fé baseada no conhecimento é verdadeira e eterna. A Torá obriga-nos a ter conhecimento:
“Dah et Hashem Elokecha”, conhece o Todopoderoso ou quando os nossos sábios da
Mishná nos encomendaram: O estudo da Torá é considerado como o cumprimento de
todos os preceitos.
“O povo do livro” foi o título com o qual durante gerações o nosso povo foi
identificado. Convertemo-nos no
povo da internet ou dos e-mails?
Milhões de comentários e temas foram escritos pelos nossos antepassados
mas a televisão, os vídeos e os jogos electrónicos ocuparam o seu lugar. Numa das últimas estatísticas realizada na região de Tel Aviv
alcançou um resultado que reluz uma triste realidade histórica: mais de 50% dos
estudantes de bacharelato desconheciam quem foi Yaacov Avinu. O nosso terceiro patriarca é
desconhecido pela maioria dos nossos jovens! O estudo da Bíblia é obrigatório mas a juventude não lê
senão o que é obrigatório para o bacharelato. Por exemplo, a história de Yaacov não está incluída nos
temas obrigatórios. Houve quem
disse que um povo sem passado é um povo sem futuro. Mais triste é quem tendo um passado tão rico, não o conhece.
A condição em que foi cantada Shirat Hayam (Cântico pela abertura do mar) é
a expressão pelos acontecimentos, o saber reconhecer, identificar os momentos;
a razão dos factos é o que faz de um povo, um povo inteligente. Que não nos percamos no mar do
desconhecimento senão que saibamos aprender o motivo da exsistência das coisas.
Comenta-nos a Torá que antes do cântico de Moshé, saíram Miriam e as
mulheres com pandeiretas, ao que pergunta Rab. Shlomo Ben Itzjak “Rashi”. Onde teriam
arranjado as panderetas? Ao que
responde: as mulheres conscientes dos milagres que o Todopoderoso realizou com
o povo de Israel, prepararam pandeiretas para cantar. Isto nos mostra o elevado
nível de nossas mães que esperaram os milagres para poderem louvar ao
Eterno! Não foi em vão que os
nossos Sábios disseram: “Foi pelo mérito das nossas piedosas saíram nossos pais
do Egipto”.
Nestes tão confusos, em que, o que o ocorrerá amanhã se converte em preocupação de todos nós,
necessitamos mais que nunca dessa fé inata que nossas mães tinham e da
sabedoria e conhecimentos de
nossos pais.