“Se nas minhas leis andásseis...” (Vayikrá
26:3)
“E darei Paz na Terra...” Parecia que a Torá nos estava a falar, sentindo a
nossa preocupação; anos de reuniões, convenções, incríveis esforços investidos
por detrás essa palavra mágica: “paz” e cada vez nos sentimos mais afastados de
alcançá-la. Entretanto, a Torá em
poucas palavras dá-nos o decreto: ”Se vos dirigis segundo as minhas leis e
respeitardes os meus preceitos e os cumprirdes...”, quão simples é a solução da
Torá para o nosso sono, a pessoa apenas deve compreender que não existe e não
existirá outra “solução” que o caminho da Torá.
Num Mundo que tenta dirigir-se
unicamente pela lógica humana, custa aceitar que essa é a única solução mas
quando a mesma Torá nos exige que nos comportemos segundo a necessidade e não
esperemos que os milagres cumpram as nossas necessidades. Nessa aparente controvérsia entre a
obrigação da realidade e a crença no controle total da Divindade, encontra-se
geralmente o dilema do crente.
Assim como ninguém duvida das leis da gravidade e da atracção dos corpos,
que são nossa obrigação conhecê-las, ainda que se o fazemos somente para poder
expressar o nosso espanto pelas maravilhas da natureza, como disse o rei David
nos Salmos: “Que grande são os
Teus feitos!”. Ou como nos quer
assinalar Maimónides: Todo a aquele a quem lhe falta um dedo de (conhecimentos)
de ciências lhe falta uma mão de Torá”.
A Torá e as Ciências Naturais não somente que se contradizem, senão que
por princípio não podem contradizer-se, pois a Torá define a verdade da
natureza e a ciência estuda-a.
Conceitos científicos que estavam muito distantes do alcance do
conhecimento humano por falta da tecnologia, foram afirmados pelos nossos
Sábios há milhares de anos e corroborados pelos cientistas apenas nos nossos
dias. Existem um sem fim de
exemplos, apenas a título de curiosidade recordaríamos o conhecimento exacto,
com seis números depois da vírgula do círculo lunar, condição intrínseca para o
cálculo do calendário de Hilel Hazaquen, ou a condição que todo o peixe que tem
escamas tem barbatanas ou que não existiu nem existirá um animal ruminante sem
úngulas ou com úngulas mas não ruminante, que não sejam os quatro indicados na
Torá, etc...
Existem também leis que dirigem as realidades não físicas. Desgraçadamente, custa-nos a
aceitá-las, por falta de conhecimentos, que nos fazem ter uma falsa sensação
de, “o que não vejo não existe”.
Nunca o refrão dos nossos Sábios foi melhor dito: “sábio é aquele que
sabe que não sabe”. Quanto mais se
aprofunda o conhecimento científico mais dúvidas e perguntas reluzem; depois de
um século de grandes descobertas e avanços alguém poderia responder à simples
pergunta: O que na verdade a matéria?
Há muitos anos acreditava-se que a molécula era a partícula mais pequena
que a formava, depois descobriram o erro e acreditaram no átomo, mais tarde nas
partículas electrão, protão e neutrão, depois apareceram dezenas de partículas
e depois... Algo tão simples como
um grão de areia, não sabemos como definir essa verdade e acreditamos saber na
verdade da Criação?
“Não estamos obrigados a completar a nossa missão mas somos livres de
abandoná-la”, assim definiram os nossos Sábios a realidade do homem na terra, e
devemos seguir indagando.
“Se vos dirigirdes segundo as minhas leis e respeitareis os meus preceitos
e os cumprireis...”.E darei paz na Terra...” e não apenas a paz física senão o
que não é menos importante, a paz espiritual.
“Seis dias farão as vossas ocupações... e o sétimo dia é para o
Todopoderoso”. A pessoa tem de
sentir no sétimo dia como se tudo o que devia fazer tivesse sido realizado mas
não há tempo no Sábado para nem tentar mudar, já que o Sábado foi denominado
“Shabat Shalom” (Sábado de Paz”) e a paz encontra-se apenas na perfeição ou no
reconhecimento do mesmo e por isso Hashem é denominado “Shalom” assim como o
Shabat é denominado “Shabat Shalom”, pois o Sábado é o reconhecimento do
Todopoderoso.